Princípios Ativos do Mapacho: Nicotina

O principal ingrediente ativo da planta mapacho é a nicotina.

A nicotina encontra-se especialmente na planta mapacho (Nicotiana tabacum e Nicotiana Rústica): apresenta uma elevada concentração nas suas folhas, cerca de 5% do peso da planta e 3% do peso do mapacho seco).

A nicotina está também presente sob a forma marginal noutras plantas da família Solanacea (2–7 µg/kg); tomate, pepino, pimento e batata. Em quantidades ainda mais reduzidas, em plantas como a coliflora, o pimento verde ou o chá preto.

Molécula:

Estrutura: Possui dois núcleos heterocíclicos mononitrogenados: um anel piridínico e outro anel pirrolidínico.

Biossíntese: É sintetizado nas zonas mais ativas das raízes das plantas de mapacho e é transportado pela sálvia para as folhas verdes.

Farmacologia:

Interações: Os fumadores metabolizam uma variedade de substâncias mais rapidamente do que os não fumadores. Os medicamentos afetados incluem teofilina, propranolol, fenacetina, atenolol, nifedipina, imipramina, benzodiazepinas, cafeína e opióides.

Dependência: A nicotina é uma das substâncias psicoativas mais viciantes que existem.

Abstinência: Podem observar-se desejos, ansiedade, irritabilidade, dificuldade de concentração, ansiedade, dor de cabeça, depressão, tensão, aumento do apetite, tosse, insónia e sonolência.

Pensamentos psicologicamente reprimidos, por exemplo, os consumidores com antecedentes de depressão, podem apresentar depressão com a abstinência.

Sinais e sintomas de abstinência do tabaco, Arch Gen Psychiatry 1986; 43:289-294.

 

Efeitos:

Sobre o sistema nervoso central: Produz estimulação central. A maioria dos efeitos comportamentais da nicotina são produzidos pela ativação dos recetores da nicotina no SNC.

Estimula o estado de alerta, a vigilância e o desempenho cognitivo (doses baixas).

A nível cerebral: Atua na pré-sinapse e aumenta a libertação de neurotransmissores como a acetilcolina, dopamina, norepinefrina e serotonina.

Tabagismo: a necessidade de ação dos profissionais de saúde. 1988

Farmacologia da nicotina. Centro de Conferências Natcher, Institutos Nacionais de Saúde; 1998

No sistema límbico: Tem um efeito de recompensa no sistema límbico, mediado pela via neuronal da placenta (doses elevadas).

No aparelho cardiovascular: vasoconstrição periférica, taquicardia e hipertensão.

Tanto nos fumadores como nos não fumadores, a administração de nicotina produz um aumento significativo da pressão arterial sistólica e diastólica e da frequência cardíaca. Ocorre também um aumento do número de leucócitos, placas, fibríngeno e hematócrito, levando ao aumento da coagulação.

Farmacologia da nicotina. Ir. Jaddict 1989; 84:477-492.

Sensibilidade plaquetária à prostaciclina em fumadores e não fumadores. Peito 1986; 90:34-38

Fumar provoca um aumento das concentrações plasmáticas de várias hormonas, hormona adenocorticotrófica (ACTH), cortisol, hormona do crescimento (GH), prolactina e vasopressina.

A ativação da glândula suprarrenal liberta norepinefrina e adrenalina

MECANISMO DE ACÇÃO:

Receptores: A nicotina produz excitação neuronal ao provocar a abertura de receptores colinérgicos nicotínicos, aos quais se liga seletivamente.

Liga-se seletivamente aos recetores colinérgicos nicotínicos, apresentando inicialmente uma ação ativadora e posteriormente uma ação bloqueadora.

PASSAGEM DE MEMBRANA:

Defumado: A passagem através da membrana depende do equilíbrio entre as formas ionizadas e não ionizadas da nicotina, que depende do pH do meio.

– Quando o meio é básico, a nicotina tende a ser não ionizada, lipossolúvel e atravessa facilmente as membranas biológicas.

No fumo dos charutos e cachimbos, que são alcalinos, a nicotina é mais absorvida pela cavidade orofaríngea, sem necessidade de engolir o fumo.

– Quando o meio é ácido, a nicotina tende a ficar ionizada e tem dificuldade em atravessar as membranas biológicas.

O fumo do cigarro, que é mais ácido, deve ser inalado, sendo a nicotina absorvida principalmente nos pulmões, devido ao seu pH mais alcalino.

Quanto mais rápida for a absorção de uma substância, maiores serão os níveis plasmáticos atingidos e mais rápido será o seu declínio.

Devido à taxa de absorção mais rápida, os cigarros atingem picos de nicotina mais altos e mais curtos do que os charutos e os cachimbos.

A capacidade viciante de uma substância depende diretamente da rapidez com que as suas ações centrais ocorrem e de quão intensas são. Por esta razão, a inalação é um modo particularmente aditivo de administração de uma substância.

Armitage AK,Turner DM. Absorption of nicotine in cigarette and cigar smoke through the oral mucosa. Nature,1970 1231-1232

Pharmacology aspects of cigarette smoking and nicotine addiction. N Engl J Med 1988; 319:1.318-1.330

Review of the evidence that pH ia a determinant of nicotine dosage from oral use of smokeless tobacco.Tob Control 1997; 6:219-225

 

VIA ORAL:

As preparações orais e mastigáveis ​​passam por uma primeira passagem pelo fígado, concentrações mais baixas de nicotina chegam à circulação sistémica e, em parte, por esse motivo, têm menor potência viciante.

Distribuição:

Uma vez no organismo, a nicotina é rapidamente distribuída para o sangue e para os tecidos, uma vez que no pH sanguíneo atravessa facilmente as membranas celulares. Devido à sua elevada lipossolubilidade, atravessa a barreira hematoencefálica.

Após fumar um cigarro durante cerca de dez minutos, a concentração plasmática máxima de nicotina aumenta para cerca de 25-45 ng/ml.

Diferença arteriovenal: os níveis arteriais são seis a dez vezes superiores aos níveis venosos.

– Os níveis de nicotina são geralmente mais elevados ao final do dia devido à acumulação após várias horas de fumo regular.

– A ingestão de alimentos provoca um aumento do fluxo sanguíneo hepático e uma consequente maior depuração da nicotina, o que explicaria a urgência com que alguns consumidores têm em fumar após as refeições.

Variables affecting nicotine metabolism. Pharmacol Ther 1993; 60:461-500.

Meia-vida: Os níveis são reduzidos para metade em cerca de duas horas.

Mmetabolização Hepática: A nicotina é metabolizada principalmente no fígado, através do grupo de enzimas do citocromo P450 (CIP) (que elimina as substâncias que não são sintetizadas pelo próprio organismo), que a converte em cotinina, que é eliminada pela urina.

A cotinina interage também com o recetor nicotínico, contribuindo potencialmente para os efeitos neurofarmacológicos da nicotina. Os níveis de cotinina são cerca de dez a quinze vezes superiores aos de nicotina porque tem uma semi-vida mais longa, de cerca de 20 horas.

“Cotinine, the major brain metabolite of nicotine, stimulates nicotinic receptors…” J Pharmacol Exp Ther 1999; 288:905-911

Nos humanos, 70 a 80% da nicotina é metabolizada pelo CYP2A6, do qual foram identificadas três variantes: o CYP2A6*1 normal e outras duas associadas à redução da atividade da enzima. A presença de variantes anormais entre fumadores é menos frequente do que entre não fumadores. As pessoas com variantes anormais fumam menos cigarros por dia e têm mais sucesso a deixar de fumar.

A common genetic defect in nicotine metamolism decreases smoking.Natcher Conference Center National Institutes of Health; 1998.

Metabolização pulmonar: Uma fracção da nicotina inalada é metabolizada pelo pulmão.

Turner DM,Armitage AK,Briant RH,Dollery CT. Metabolism of nicotine by the isolated perfused dog lung. Xenobiotica, 5 (1975).

Eliminação: A nicotina é também excretada no leite das mulheres que fumam durante a lactação. O leite de fumadores inveterados pode conter 0,5 mg por litro.