Os Yawanawá

Os Yawanawá (Laminaua, Jaminawa, Yaminawá) são um povo indígena de cerca de 1.300 pessoas, que vivem em pequenas cidades longitudinais ao longo do rio Gregorio: a sua terra natal, Acre (Brasil), e também em Madre de Dios (Peru) e Bolívia.

A língua Yaminawá pertence à família linguística Panoa. Os linguistas estimam que menos de 1.600 pessoas falam a língua. Muito poucos Yawanawá falam espanhol ou português e a sua taxa de alfabetização é extremamente baixa.

Entrevista com um Yawanawá

Nixiwaka Yawanawá vive em Londres e trabalha com a Survival International para aumentar a consciencialização sobre os direitos dos indígenas da Amazónia. A sua cidade, Yawanawá, é composta por mais de 900 habitantes.

Êwê anê Nixiwaka, Ê Yawanawa ihuhu, êwê yurahûki kânu, pênâku hiash. Mâ ika anu, matuvê iwânâ, mahu tapipai ê uitamêa. Nênuashê kashê êwê yurahâu ravâna ipai.

O meu nome é Nixiwaka. Eu sou dos Yawanawá. Pretendo voltar para o meu povo um dia, mas primeiro quero ficar no Reino Unido por um tempo para poder ajudar o meu povo quando regressar.

O nome Yawanawá traduz-se como ‘O povo do javali’, porque como povo estamos sempre juntos, na caça e na vida em geral.Somos um bando. Nasci em Kaxinawa, a parte mais sagrada das terras Yawanawá, de onde vem o meu povo. Kaxinawa é o local onde estão sepultados o meu avô e todos os nossos grandes chefes.

Temos pessoas conhecidas como “médicos da selva”. Sabem tudo o que há para saber sobre plantas medicinais. Dizem que este mundo é um lugar lindo para se viver e que todos temos a responsabilidade de cuidar dele.

Sei que a medicina ocidental utiliza agora as nossas plantas e os medicamentos que nós, os Yawanawá, usamos há séculos. Da casca de árvore à saliva de sapo, temos respostas tanto para os medicamentos como para os venenos.

As mulheres esfregam a barriga com um tipo de batata chamada “rau” para engravidar. Outras plantas, como a chamada “hukâshupa”, são utilizadas pelos amantes para fomentar relações de sucesso.

Penso que talvez o mundo ocidental possa aprender connosco a viver uma vida mais harmoniosa e pacífica com o nosso ambiente, combinando o conhecimento Yawanawá com as ideias ocidentais.

Desde a antiguidade que os Yawanawá utilizam o “rumê” (uma espécie de rapé feito a partir da casca de uma determinada árvore) como parte da nossa tradição e cultura. Normalmente usamos “rumê” durante as nossas cerimónias sagradas de ayahuasca, a que chamamos “uni”.

Comemos banana, papaia, cana-de-açúcar e sumo de mandioca (chamado “caiçuma”) ao pequeno-almoço. E carne, se sobrar do jantar da noite anterior. Ao almoço volta a haver mandioca, com banana verde e papas de banana. Comemos carne e peixe ao jantar.

A minha hora preferida do dia na selva é o final da tarde, pôr do sol, quando tomo o nosso remédio sagrado. Todos eles se reúnem numa grande área de terreno aberto. Ao anoitecer, os pássaros regressam às tacanas para descansar, e os cantos dos pássaros makukaus rodeiam-nos. É uma altura do dia muito calma. Eu sinto falta disso.

A nossa terra é a nossa casa, a nossa amiga e camarada. Respeitamos muito a nossa terra e temos a responsabilidade de cuidar dela.

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